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domingo, 22 de outubro de 2017

Resident Evil 5 - O final de uma saga | Resenha


Resident Evil foi o meu primeiro contato a longo prazo com os games. Foi aquela franquia que me fez ir a frente em corredores sombrios e ruas enfestadas de zumbis por causa de sua história e seus personagens. Meu primeiro Resident Evil foi o 1, depois o 3 e por fim o 2. Porém não os finalizei nessa ordem. Mas o que falo com toda certeza é que a primeira franquia de Resident Evil marcou bastante minha pré-adolescência e adolescência me tornando grande fã de Jill Valentine e ansioso para saber o desfecho de toda aquela confusão iniciada pela Umbrella e que cabia a Chris, Jill, Leon e Claire finalizar.


No entanto eu demorei muito para ver esse desfecho. Primeiro porque Resident Evil 4 nos traz uma história separada, quase que um filler, protagonizado por Leon e Ada. Game considerado um divisor de águas, não só para a franquia, mas também para toda a industria de games. Aposentando a antiga gameplay da saga e nos apresentando um formato mais casual, com mais ação e menos terror. Esse novo formato também foi bastante divergente. Se por um lado ele tirava Resident Evil do provável fracasso - trazendo novos fãs e repaginando sua jogabilidade, ele também trazia a fúria dos antigos fãs, que até hoje espumam ao reclamar do jogo, que consideram o inicio da decadência da franquia (ironicamente é um dos títulos mais vendidos de RE).


Mas por que estamos falando de Resident Evil 4, se a postagem é sobre Resident Evil 5? Porque Resident Evil 5 segue o formato apresentado em seu antecessor e intensifica a ação, deixando mais ainda de lado o tal elemento terror que a franquia ficou famosa por tantos e tantos anos. Para alguns fãs antigos, Resident Evil 5 é até pior que o 4, porque não tem a mão do criador da série, logo para eles, a visão foge do que deveria ser Resident Evil. Entretanto, após finaliza-lo, eu tenho que discordar fortemente de tudo isso. Para mim, tirando obviamente os elementos técnicos, Resident Evil 5 é um dos melhores títulos da franquia e segue sim a risca o que é ser um Resident Evil.

Em Resident Evil 5 (ou Biohazard 5 - nome original do game no Japão que significa risco biológico), você joga com Chris Redfield, antigo membro da policia S.T.A.R.S de Raccoon City - cidade que foi vítima de um grande acidente biológico que causou a morte de quase todos os moradores. Atualmente trabalhando para a BSAA (Aliança de Segurança e Avaliação em Bioterrorismo), organização criada para impedir e/ou combater qualquer tipo de ameaça biológica, tais como aconteceram em Raccoon City (infestação de zumbis) ou como os vírus mais recentes (Las Plagas) que geram infectados com maior inteligencia e a agilidade comparados aos zumbis. Chris tem como missão interceptar um traficante de armas biológicas que estaria indo negociar em uma cidade/país localizada em algum lugar da Africa. Esse traficante em questão é considerado importante por seu nome sempre estar aparecendo em outras situações envolvendo armas biológicas, então coube a Chris aceitar a missão para impedir que ele vendesse essas armas, que provavelmente eram sobras da Umbrella Corp.


Com está premissa bem sem sal é que começamos o jogo, já de inicio somos apresentados a nossa parceira de missão, Sheva Alomar. Ela é uma personagem que pode ser controlada por um amigo seu, ao jogar online, ou pela inteligencia artificial mesmo (não recomendo, a inteligencia artificial de RE é burra e vai te dar dor de cabeça). Esse foi o primeiro RE que trouxe essa mecânica de ter um parceiro sempre ao seu lado durante todo o tempo, em seus antecessores, mesmo você tendo companhia humana, elas não ficavam contigo o tempo todo. A adição de um companheiro é muito útil para poder jogar com amigos, porém achei irritante o fato da versão PC não ter suporte para chat em tempo real. Não sei se a versão dos consoles tem, mas para conversar com seu amigo você tem que depender do chat da Steam ou de algum recurso terceirizado. Como não da para pausar o game, você corre o risco de levar dano quando for mandar seu parceiro fazer algo, caso contrario tem que torcer para ele ser mãe Diná e descobrir o que você está pensando.


Você é apresentado a seus inimigos curriqueiros logo após alguns minutos de gameplay. Eles são chamados de Majinis, são basicamente a mesma coisa que os inimigos frequentes de RE4 (Ganados). Eles costumavam ser habitantes normais da cidade de Kijuju (local onde você se encontra), até serem infectados e se tornarem pessoas agressivas que geralmente te atacam com facões, arco e flecha e diversos tipos de ferramentas. Durante a gameplay você encontrará outras variações de Majinis, alguns mais fortes, outros armados com armas de fogo. O inicio do jogo pode ser um pouco puxado caso você queira se aventurar sem saber o que te espera. De cara na primeira fase você enfrenta um vilarejo inteiro de inimigos com direito a um chefão (mata-lo é opcional nesse caso, você só deve ganhar tempo até que o helicóptero aliado chegue no local). Ainda em suas primeiras fases a história vai ganhando um novo rumo quando Chris descobre em meio a documentos uma foto do que poderia ser Jill, sua parceira dada como morta após uma missão com ele em busca de Wesker há alguns anos atrás - meio confuso, né? Mas durante a gameplay também é. Essa trama é revelada por partes e em flashbacks. Com a possibilidade de Jill estar viva Chris decide continuar na missão, mesmo sendo extremamente arriscado.

As fases de RE5 em sua maioria são bem agitadas com uma grande quantidade de inimigos para serem aniquilados. Em geral Majinis normais, mas de vez enquanto acompanhados de algum outro tipo de arma biológica como cachorros mutantes (Adjule), Kipepeo ou até mesmo Majinis modificados, com maior poder de ataque como os Chainsaw Majini que carregam uma moto-serra podendo te matar de uma vez só caso chegue perto de você ou os Big Man Majini/ Giant Majini que são criaturas maiores que os Majinis normais que desferem golpes poderosos e são bem difíceis de se matar. Você saberá que a área está limpa quando a musica de suspense acabar, isso é um aviso que todos os inimigos foram mortos e que você está seguro naquele local (até que adentre a um novo lugar e tudo comece novamente). Os puzzles em RE5 ficaram inacreditavelmente mais fáceis que os do RE4 (sim, aparentemente isso foi possível), deixando claro que o foco ali é carnificina, matar o quanto puder e não quebra-cabeças como em seus títulos mais antigos.

Mas então...Se não tem puzzles como antigamente, se a jogabilidade é totalmente diferente, se o objetivo é matar em vez de fugir, o que diabos esse jogo tem de Residente Evil's clássicos? A história! Jogos não são apenas gameplays e gráficos, quero dizer...As vezes são, mas não é o caso de Resident Evil, porque se fosse, ninguém estaria preocupado com qual personagem que será o protagonista, ou se a Umbrella Corp vai voltar ou quem vai assumir seu lugar ou que fim levou o Carlos ou porque diabos o Chris Redfield está a cara do Luciano Hulk na nova dlc do RE7. A história em Resident Evil importa muito, e no 5 temos simplesmente a reunião dos personagens principais do primeiro game: Jill, Chris e Wesker. Temos diversas referencias a Umbrela Corp, como até mesmo um laboratório dela escondido nas profundezas da Africa - e nossa, andar por aqueles corredores, ver aquelas armas biológicas em suas capsulas, me reviveu muitas memorias dos meus dias em RE2 com a Claire e Leon. Nos temos tudo ali! Um ponto final na saga Wesker, reencontro de dois personagens que deram inicio a franquia, e vamos ser francos, o game se chama Risco-biológico, e o que eles enfrentam e impedem de acontecer ali é exatamente um ataque biológico a nível mundial. Quer ser mais Resident Evil do que isso?


Mas...Cadê o terror? Sim, todos sabem que Resident Evil teve seu foco no terror no inicio, que sua grande maioria de fãs o jogavam porque eram fãs de survival horror, e que, dito isso, RE 4, 5 e 6 não os atraem em nada. Porém frustrar a expectativa dessa gente não tira o valor desses jogos. É uma pena que a franquia tenha perdido esses fãs, mas lá em 2002 RE já estava perdendo muitos deles. Porque as pessoas estavam cansadas daquela gameplay de câmera fixa, porque aparentemente sempre era a mesma coisa de zumbis, ilha/cidade infestada, KABOOM! Resident Evil Remake e o Zero não foram bem nas vendas, o Code Verônica também não! E olha que ele obteve todo o esforço da Capcom para ser feito, afinal era para ele ser o verdadeiro RE3. Alguma coisa tinha que ser feita para a franquia reconquistar o publico, e isso, obviamente, era uma repaginada (que deu muito certo, olha o sucesso de RE4). E vamos ser francos, não generalizo, claro, mas muitos desses fãs oldschool viviam pedindo um jogo de terror, diziam que não gostavam dos atuais por serem ação. Mas foi só a Capcom lançar Resident Evil 7 (considerado por muitos o game de maior terror de toda a franquia) que eles continuaram reclamando. Acharam novos defeitos: ser em primeira pessoa, não ter protagonista conhecido, vírus estranho. E reclamaram pela câmera não ser fixa (câmera fixa não volta, rapazes, sinto muito).  Se a franquia continuasse com a mesma formula velha de sempre ela já teria sido cancelada porque não passaria do quinto jogo. Peguem Silent Hill como exemplo. Um excelente jogo que nunca mudou sua fórmula e se desgastou, ultimo Silent Hill lançado foi para a geração passada, vendeu tão mal que nem versão para PC tem.

Franquias necessitam se renovar, para continuarem interessantes e sobreviverem perante novos jogos. Com a ida para o lado da ação, Resident Evil conquistou uma nova gama de fãs e manteve seus personagens originais e história fieis. Agora a franquia voltou para o terror, e provavelmente seus dois próximos jogos serão no mesmo estilo. E desde que não apareça fantasmas, aliens ou vire um jogo de Pinball, continuara sendo Resident Evil, com um novo formato e talvez até com novos protagonistas, mas com sua essência e história intactas. Dito tudo isso, Resident Evil 5 é um puta de um jogaço, que merece ser jogado e re-jogado. Que tem excelentes extras como o modo mercenário ou até mesmo os mini-games focados na Jill Valentine (Desperate Escape e Lost in Nightmares - esse último cheio de fanservice com direito a mansão parecida com a do primeiro game e uma gameplay voltada mais pro survival horror e cheia de puzzles). Resident Evil 5 foi o game responsável por fechar o arco do Wesker e por nos trazer nossos personagens queridos de RE1 juntos novamente, se estava em dúvidas sobre jogar ou não jogar, jogue! Mas fique ciente que não estará em um jogo de terror, com vários jump scares e trilha sonora macabra, mas sim em um jogo de ação em terceira pessoa, cheio de adrenalina mas com nossos queridos personagens antigos, fechando um arco da história de Resident Evil que esperamos mais de uma década para ver. Outra dica que dou caso for jogar é que arranje um parceiro(a) é infinitamente mais divertido jogar com algum amigo.

Gráficos: 9,9
Jogabilidade: 9,8
História: 8,0
Desenvolvimento da história:8,8
Personagens Carismáticos: 7,9
Musica: 7,5

Nota FINAL: 8,6


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