Esqueça as cidades em chamas, vilas europeias tomadas por
algum surto de esquizofrenia ou viagens para algum canto tropical da África com
direito a Manjinis, ameaças globais e ao marombado do Chris Redfield e sua
vingança pessoal contra o Albert Wesker (aquele cara que vive de óculos escuros
mesmo de noite). Em Resident Evil Revelations você comprará ticket para um
cruzeiro com direito a tramoias cheias de reviravoltas, um gordinho italiano e a
muito, mas muito botox na boca da Jill...ah, a ameaça global tá de pé na
verdade...
Resident Evil Revelations foi um jogo inicialmente criado
para ser exclusivo da Nintendo (kkkkk já ouvi essa história antes), para o
console de bolso “Nintendo 3Ds” e que devido a sua popularidade foi
posteriormente relançado (com melhores gráficos) para os consoles de mesa e
computadores. O jogo chamou a atenção pela pegada obscura de survivor horror
que finalmente estava de volta à franquia depois de anos (foi há 84 anos...) e
pelo modo Raide que é basicamente um Mercenários misturado com RPG e é
multiplayer.
A história do jogo se passa depois dos acontecimentos de
Resident Evil 4 e antes dos acontecimentos de Resident Evil 5. Uma espécie de
tampa buracos, para preencherem toda aquela lacuna temporal que ficou entre um
título e o outro. Como sabem os títulos de Resident Evil, cronologicamente
falando, se passam no mesmo ano de lançamento do jogo (ou no ano anterior a
isso), ficou um grande espaço entre o quarto título da franquia e o quinto
(quase sete anos). O jogo me pareceu também bem ousado, talvez pela falta de
pressão em cima — afinal não era um Resident Evil numerado e seria lançado
apenas para um console portátil, talvez devido a isso eles ousaram e trouxeram
uma gameplay que mescla o estilo de sobrevivência dos títulos clássicos com a contemporaneidade
que nasceu no quarto título da franquia, criando assim um jogo que poderia ser
tanto apreciado pelos old school gamers como pelos fãs mais recentes (ao menos
inicialmente).
A trama gira em torno de três organizações; A Veltro (uma
organização terrorista que quer propagar o mal porque sim e ponto final.), a
BSAA (que na época era uma ong sem fins governamentais) e a FBC ( a responsável
pelo combate a armas biológicas da época). A trama meus amigos, se forem como
eu, acharão confusa demais. São tantos plots twists que você não sabe se é um
jogo de survivor horror ou um filme independente feito por algum fã do Alfred Hitchcock.
Mas estou pegando pesado, é um a história boa, mas tens que ficar atento para
não deixar escapar nada.
A história é contada como se fosse uma série televisiva —
com capítulos e direito de recapitulação, provavelmente com a intenção de
deixar o jogador ansioso para a próxima fase ou simplesmente para recapitular
mesmo afinal o jogo se passa em duas épocas diferentes; a parte atual com a
Jill e o Parker Luciani (o gordinho com sotaque italiano) no navio “fantasma” e
as partes que contam sobre o incidente de 2004 na cidade flutuante Terragrigia,
além de outras duas campanhas que acompanham dois novos personagens que fazem
parte da BSAA (Quint Cetcham e Keith Lumley e o Chris Redfield num lugar
montanhoso brincando de gameplay de ação como ele se especializou nesses últimos
anos).
O começo do jogo é bem simples. Jill e Parker estão indo a
esse navio abandonado pois aparentemente Chris Redfield e Jessica (sua parceira
na missão) estão por lá sendo que deveriam estar em outro canto do mundo
investigando um suposto esconderijo de uma organização criminosa que estava
inativa desde 2004 (a Veltro mesmo).
Lembra que eu falei sobre ameaça global? Pois bem, ela se
passa em 2004 na cidade flutuante de Terragrigia, o grupo terrorista Veltro
soltam armas biológicas dentro da cidade, com a finalidade de enviar uma
mensagem para mostrar que até a civilização bem mais sucedida do mundo estava à
mercê do terror. É um bagulho meio sinistro, vocês sabem como podem ser megalomaníacos
os líderes de organizações criminosas de filmes b e videogames do tipo. Não foi
diferente com o Jack Norman — líder da Veltro que acreditava que o mundo tinha
se tornado um lugar pecaminoso e queria fazer com que todos do mundo
enxergassem essa corrupção. Terragrigia não teve um final muito bonito, foi
destruída assim como a nossa amada Raccoon City (mas, calma. Isso não é spoiler
é informação que recebemos no inicio do game).
Durante o plot em Terragrigia, nós controlamos o Parker e
sua parceira Jessica — na época ambos trabalhando para FBC. E essa trama se
conecta diretamente a atual com a Jill e o Parker lá no navio fantasma, afinal
há indícios que essa organização criminosa está de volta à ativa. Porém como eu
já disse há muitas reviravoltas e explicar elas deixaria o game chato de se
jogar para quem ainda não conhece a trama, saiba apenas que, diferente da
maioria dos jogos recentes da franquia, o Revelations soube usar ataques
globais sem ser o centro da trama e adicionar toda uma conspiração e plot de
espionagem sem deixar o jogo cansativo ou deveras clichê como aconteceu em
Resident Evil 6 que da voltas e voltas e usam os mesmos artifícios dos jogos
anteriores sem trabalhá-los em uma perspectiva diferente. Em Revelations você
não está indo salvar o mundo, ou procurando vingança, esta simplesmente
tentando entender o que diabos está acontecendo.
Os inimigos do jogo são bem interessantes. Eles se chamam
Oonze (os mais corriqueiros), eles são os infectados pelo vírus T-Abyss — o vírus protagonista desse título.
Os Oonze são gelatinosos (pois o vírus os fazem consumir muita água, inclusive
eles drenam o corpo das vítimas), geralmente fáceis de se matar quando estão
sozinhos e tem uma péssima mania de atirar em você com um projetil que sai do próprio
corpo. Eles costumam se esgueirar pelos tubos de ventilação do navio. Os
Hunters estão de volta, mas não no navio e sim nas outras campanhas. De resto
temos inimigos menos corriqueiros que são em geral seres humanos que foram
afetados de forma diferente pelo T-Abyss.
A gameplay de Revelations te deixa no inicio com aquela sensação
que apenas os títulos antigos da franquia deixavam; lugares fechados e escuros,
trilha sonora bem feita e o medo do que pode estar à espreita no final do
corredor. Porém essa sensação passa rápido. Revelations não é um jogo difícil —
a não ser que você jogue na dificuldade infernal. Revelations tem uma gameplay bem tranquila, e
é perfeitamente possível você termina-lo sem morrer caso jogue atento. Para mim
o único chefe de fase difícil ironicamente foi o primeiro. Nas campanhas que
não são com a Jill dentro do navio a dificuldade cai mais ainda. Talvez você encontre dificuldade no modo
Raide, como eu mesmo ouvi falar, mas ainda não o joguei. No entanto eu não vejo isso como algo ruim ou
positivo, apenas neutro. Outra coisa que você possa achar similar com os games
antigos são os baús conectados. Você pode deixar as armas que não está usando
ali dentro, pois só pode carregar três por vez. Você também pode fazer upgrade
nelas encontrando packs de peças que estão espalhados pelos cenários melhorando
o dano, tempo de recarrega-las entre outras coisas. Felizmente não existe QTE’s
nesse jogo e a mecânicas são bem simples e ágeis. Você pode usar um curativo
apenas apertando Tab, dar um golpe com sua faca apertando o botão direito do
mouse, seu personagem já anda “correndo” sem necessidade de apertar outra tecla.
Os gráficos de Revelations são bonitos, levando em
consideração que é um port de um videogame portátil. A campanha da Jill é a
mais bem trabalhada, mesmo dando para encontrar coisas mal feitas pelos cenários.
Já a campanha em que você joga com o Chris me lembrou muito algum jogo do
Playstation 2 com os gráficos um pouco mais polidos. A única coisa realmente
estranha nos gráficos do Revelations é a própria Jill, fizeram uma personagem
com a boca cheia de botox e cabeçuda, totalmente diferente das modelos
anteriores. Em Revelations ela parece ser mais velha que em Resident Evil 5
sendo que na verdade ela é mais nova.
Resident Evil Revelations é um jogo divertido que traz
bastante referencias aos jogos mais antigos e nos deixa por dentro de coisas
que aconteceram durante os anos que ficamos esperando pelo quinto título da
série. É um jogo que inegavelmente tem uma cara de alternativo devido seus gráficos
e história, boa, mas não tão importante dentro do cenário geral. Eles poderiam
ter um roteiro mais bem trabalhado, assim como personagens novos mais
aprofundados, no entanto no geral é um excelente jogo, bem melhor que Resident
Evil 6 ao menos.
Gráficos: 7,5
Jogabilidade: 8,8
História: 7,5
Desenvolvimento da história: 7.0
Personagens Carismáticos: 7,1
Musica: 8,7
NOTA FINAL: 7,7
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