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quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Conspirações, geleias e um cruzeiro - Resident Evil Revelations | Resenha




Esqueça as cidades em chamas, vilas europeias tomadas por algum surto de esquizofrenia ou viagens para algum canto tropical da África com direito a Manjinis, ameaças globais e ao marombado do Chris Redfield e sua vingança pessoal contra o Albert Wesker (aquele cara que vive de óculos escuros mesmo de noite). Em Resident Evil Revelations você comprará ticket para um cruzeiro com direito a tramoias cheias de reviravoltas, um gordinho italiano e a muito, mas muito botox na boca da Jill...ah, a ameaça global tá de pé na verdade...

Resident Evil Revelations foi um jogo inicialmente criado para ser exclusivo da Nintendo (kkkkk já ouvi essa história antes), para o console de bolso “Nintendo 3Ds” e que devido a sua popularidade foi posteriormente relançado (com melhores gráficos) para os consoles de mesa e computadores. O jogo chamou a atenção pela pegada obscura de survivor horror que finalmente estava de volta à franquia depois de anos (foi há 84 anos...) e pelo modo Raide que é basicamente um Mercenários misturado com RPG e é multiplayer.



A história do jogo se passa depois dos acontecimentos de Resident Evil 4 e antes dos acontecimentos de Resident Evil 5. Uma espécie de tampa buracos, para preencherem toda aquela lacuna temporal que ficou entre um título e o outro. Como sabem os títulos de Resident Evil, cronologicamente falando, se passam no mesmo ano de lançamento do jogo (ou no ano anterior a isso), ficou um grande espaço entre o quarto título da franquia e o quinto (quase sete anos). O jogo me pareceu também bem ousado, talvez pela falta de pressão em cima — afinal não era um Resident Evil numerado e seria lançado apenas para um console portátil, talvez devido a isso eles ousaram e trouxeram uma gameplay que mescla o estilo de sobrevivência dos títulos clássicos com a contemporaneidade que nasceu no quarto título da franquia, criando assim um jogo que poderia ser tanto apreciado pelos old school gamers como pelos fãs mais recentes (ao menos inicialmente).

A trama gira em torno de três organizações; A Veltro (uma organização terrorista que quer propagar o mal porque sim e ponto final.), a BSAA (que na época era uma ong sem fins governamentais) e a FBC ( a responsável pelo combate a armas biológicas da época). A trama meus amigos, se forem como eu, acharão confusa demais. São tantos plots twists que você não sabe se é um jogo de survivor horror ou um filme independente feito por algum fã do Alfred Hitchcock. Mas estou pegando pesado, é um a história boa, mas tens que ficar atento para não deixar escapar nada.



A história é contada como se fosse uma série televisiva — com capítulos e direito de recapitulação, provavelmente com a intenção de deixar o jogador ansioso para a próxima fase ou simplesmente para recapitular mesmo afinal o jogo se passa em duas épocas diferentes; a parte atual com a Jill e o Parker Luciani (o gordinho com sotaque italiano) no navio “fantasma” e as partes que contam sobre o incidente de 2004 na cidade flutuante Terragrigia, além de outras duas campanhas que acompanham dois novos personagens que fazem parte da BSAA (Quint Cetcham e Keith Lumley e o Chris Redfield num lugar montanhoso brincando de gameplay de ação como ele se especializou nesses últimos anos).

O começo do jogo é bem simples. Jill e Parker estão indo a esse navio abandonado pois aparentemente Chris Redfield e Jessica (sua parceira na missão) estão por lá sendo que deveriam estar em outro canto do mundo investigando um suposto esconderijo de uma organização criminosa que estava inativa desde 2004 (a Veltro mesmo).



Lembra que eu falei sobre ameaça global? Pois bem, ela se passa em 2004 na cidade flutuante de Terragrigia, o grupo terrorista Veltro soltam armas biológicas dentro da cidade, com a finalidade de enviar uma mensagem para mostrar que até a civilização bem mais sucedida do mundo estava à mercê do terror. É um bagulho meio sinistro, vocês sabem como podem ser megalomaníacos os líderes de organizações criminosas de filmes b e videogames do tipo. Não foi diferente com o Jack Norman — líder da Veltro que acreditava que o mundo tinha se tornado um lugar pecaminoso e queria fazer com que todos do mundo enxergassem essa corrupção. Terragrigia não teve um final muito bonito, foi destruída assim como a nossa amada Raccoon City (mas, calma. Isso não é spoiler é informação que recebemos no inicio do game).

Durante o plot em Terragrigia, nós controlamos o Parker e sua parceira Jessica — na época ambos trabalhando para FBC. E essa trama se conecta diretamente a atual com a Jill e o Parker lá no navio fantasma, afinal há indícios que essa organização criminosa está de volta à ativa. Porém como eu já disse há muitas reviravoltas e explicar elas deixaria o game chato de se jogar para quem ainda não conhece a trama, saiba apenas que, diferente da maioria dos jogos recentes da franquia, o Revelations soube usar ataques globais sem ser o centro da trama e adicionar toda uma conspiração e plot de espionagem sem deixar o jogo cansativo ou deveras clichê como aconteceu em Resident Evil 6 que da voltas e voltas e usam os mesmos artifícios dos jogos anteriores sem trabalhá-los em uma perspectiva diferente. Em Revelations você não está indo salvar o mundo, ou procurando vingança, esta simplesmente tentando entender o que diabos está acontecendo.



Os inimigos do jogo são bem interessantes. Eles se chamam Oonze (os mais corriqueiros), eles são os infectados pelo vírus  T-Abyss — o vírus protagonista desse título. Os Oonze são gelatinosos (pois o vírus os fazem consumir muita água, inclusive eles drenam o corpo das vítimas), geralmente fáceis de se matar quando estão sozinhos e tem uma péssima mania de atirar em você com um projetil que sai do próprio corpo. Eles costumam se esgueirar pelos tubos de ventilação do navio. Os Hunters estão de volta, mas não no navio e sim nas outras campanhas. De resto temos inimigos menos corriqueiros que são em geral seres humanos que foram afetados de forma diferente pelo T-Abyss.

A gameplay de Revelations te deixa no inicio com aquela sensação que apenas os títulos antigos da franquia deixavam; lugares fechados e escuros, trilha sonora bem feita e o medo do que pode estar à espreita no final do corredor. Porém essa sensação passa rápido. Revelations não é um jogo difícil — a não ser que você jogue na dificuldade infernal.  Revelations tem uma gameplay bem tranquila, e é perfeitamente possível você termina-lo sem morrer caso jogue atento. Para mim o único chefe de fase difícil ironicamente foi o primeiro. Nas campanhas que não são com a Jill dentro do navio a dificuldade cai mais ainda.  Talvez você encontre dificuldade no modo Raide, como eu mesmo ouvi falar, mas ainda não o joguei.  No entanto eu não vejo isso como algo ruim ou positivo, apenas neutro. Outra coisa que você possa achar similar com os games antigos são os baús conectados. Você pode deixar as armas que não está usando ali dentro, pois só pode carregar três por vez. Você também pode fazer upgrade nelas encontrando packs de peças que estão espalhados pelos cenários melhorando o dano, tempo de recarrega-las entre outras coisas. Felizmente não existe QTE’s nesse jogo e a mecânicas são bem simples e ágeis. Você pode usar um curativo apenas apertando Tab, dar um golpe com sua faca apertando o botão direito do mouse, seu personagem já anda “correndo” sem necessidade de apertar outra tecla.



Os gráficos de Revelations são bonitos, levando em consideração que é um port de um videogame portátil. A campanha da Jill é a mais bem trabalhada, mesmo dando para encontrar coisas mal feitas pelos cenários. Já a campanha em que você joga com o Chris me lembrou muito algum jogo do Playstation 2 com os gráficos um pouco mais polidos. A única coisa realmente estranha nos gráficos do Revelations é a própria Jill, fizeram uma personagem com a boca cheia de botox e cabeçuda, totalmente diferente das modelos anteriores. Em Revelations ela parece ser mais velha que em Resident Evil 5 sendo que na verdade ela é mais nova.

Resident Evil Revelations é um jogo divertido que traz bastante referencias aos jogos mais antigos e nos deixa por dentro de coisas que aconteceram durante os anos que ficamos esperando pelo quinto título da série. É um jogo que inegavelmente tem uma cara de alternativo devido seus gráficos e história, boa, mas não tão importante dentro do cenário geral. Eles poderiam ter um roteiro mais bem trabalhado, assim como personagens novos mais aprofundados, no entanto no geral é um excelente jogo, bem melhor que Resident Evil 6 ao menos.

Gráficos: 7,5

Jogabilidade: 8,8
História: 7,5
Desenvolvimento da história: 7.0
Personagens Carismáticos: 7,1
Musica: 8,7

NOTA FINAL: 7,7



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