Se você já procurou por jogos lgbtqia+ talvez tenha se decepcionado um pouco, afinal os games que prometem uma inclusão do tipo geralmente se resumem em visuais novels de namoro, ou simplesmente games sexuais. E isso faz de 2064: ROM um achado. Afinal ele traz um mundo totalmente lgbtqia+ onde o foco não é sexualizar os personagens ou arranjar um namorado. Gays, lésbicas, transexuais e drags queens estão
espalhados pelo mundo cyberpunk de ROM, como deveriam ser vistos: algo normal.Sim, o jogo é com a temática Cyberpunk e já foi lançado há um tempinho, em 2015 originalmente apenas para computadores, mais tarde chegando no Playstation 4 e posteriormente também incluído no Nintendo Switch (Aparentemente você pode baixa-lo gratuitamente pelo Goolge Play). 2064: ROM pode ser considerado tanto um visual novel como um game point and click de investigação. Diferentemente dos games nesses estilos, ROM apresenta um design um tanto distinto, lembrando muito games point and click lançados na década de oitenta para computadores. Um dos games que possivelmente influenciou a estética de ROM foi o oitentista Snatcher, lançado por Kojima.
No jogo você pode escolher o seu nome, seu gênero, seu pronome (existem muitas opções), e até mesmo a sua dieta. Você é um jornalista que estava levando a sua vida até que um robô aparece em seu quarto lhe pedindo ajuda, pois o criador dele (um antigo amigo seu) foi sequestrado, e pelos cálculos que Turin (o robozinho azul que foi até você) fez, você é a melhor chance dele reaver o amigo. No jogo os robôs são chamados de Roms. Existe todo tipo de rom, mas nenhum deles são realmente muito desenvolvidos, não ao menos quanto Turin, que é o centro de toda a história do game.
O cyberpunk de 2064:ROM não é apenas estético. Existe toda uma história muito bem desenvolvida em cima dessa temática. As revoltas, os punks, a paixão pelo consumismo, as grandes corporações maléficas. Tudo muito bem recortado e trabalhado enquanto você avança na investigação a procura de seu antigo amigo e criador de Turin. Existe politica em tudo, e o futuro nunca foi tão dependente da tecnologia, como em toda boa história cyberpunk.
O mundo de ROM é totalmente gay. Quase todas as pessoas que você encontra estão em um relacionamento homossexual. Os donos do bar que você vai frequentemente são um casal, a detetive que lhe ajuda era namorada da sua irmã. A dupla de punks que você irá conhecer também estão namorando. Até mesmo todas as suas poucas possibilidades de flert no jogo são homens gays. Isso até abriu certa discussão, onde alguns héteros se sentiram excluídos do mundo criado pelo game, o que é totalmente sem sentido se for levar em consideração que 99% dos games se quer pensão na possibilidade de colocar gays em seus jogos e que ROM acaba sendo extremamente necessário por trazer essa possibilidade de um modo que não costuma ser trabalhado. Em ROM, o LGBTQ faz parte da realidade, são pessoas com empregos, vivendo o seu dia-a-dia e não algum fetiche para o player ou uma cota para dizer que a empresa que desenvolveu o game também lacra. E aos héteros que se sentiram de fora, me pergunto como eles acham que nós nos sentimos jogando qualquer outro jogo, onde quando aparece apenas a possibilidade de se relacionar com alguém do mesmo sexo já se torna motivo para hate e boicote.
O jogo também trás a inclusão inusitada de furys. E os furys tomam um rumo importante na história já que existe toda uma polemica relacionada a existência deles. Afinal não deixam de ser humanos modificados esteticamente, trazendo metáforas politicas e sociais que podem ser relacionadas a tópicos muito atuais.
Gráficos: 9,5
Jogabilidade: 9,0
História: 9,8
Inovação: 8,5
Personagens Carismáticos: 10
Musica: 8,5
Nota final: 9,2
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